Câmara levará à Assembleia Legislativa debate sobre ciclistas

por Assessoria Comunicação publicado 27/03/2018 18h35, última modificação 26/10/2021 09h48

Reunir sugestões e soluções para aumentar a segurança dos ciclistas nas rodovias foi o objetivo da audiência pública realizada na Câmara de Curitiba, nesta terça-feira (27), por iniciativa do vereador Goura (PDT). Ideias coletadas com ciclistas e entidades representativas servirão de base para uma próxima discussão, na Assembleia Legislativa, onde Goura irá levar um documento com os resultados da audiência no Legislativo Municipal. "Em 14 de maio, vamos tratar especificamente dos temas discutidos aqui. [A Assembleia] é o âmbito mais apropriado, já que aqui estamos extrapolando limites territoriais", explicou.

Segundo o parlamentar, o debate é importante frente aos números de acidentes ocorridos com ciclistas nas rodovias, nos últimos anos. Só em 2017, contou o vereador, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabilizou 613 mortes, sendo 17 o total de ciclistas que perderam a vida nas rodovias paranaenses. O Paraná é o estado onde mais ocorrem acidentes envolvendo bicicletas. "Falamos muito em mortes, mas também temos que falar em esperanças, em políticas públicas que precisam mudar", comentou Goura.

Filho de Egon Koerner Junior – ciclista morto durante uma prova na rodovia BR-277, trecho entre Curitiba e Ponta Grossa – esteve na Câmara Karl Koerner, que é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). Ele apresentou o resultado de uma pesquisa que deu origem à sua dissertação de mestrado e falou sobre números de ciclistas acidentados no Brasil e as características dessas ocorrências. Segundo ele, existe uma mobilização internacional para redução das mortes no trânsito, em especial para os entes mais vulneráveis, como pedestres, ciclistas e motociclistas.

Em relação aos custos de acidentes de trânsito, Koerner disse que, em 2014, o montante chegou a R$ 12,2 bilhões, referentes às mais de 169 mil ocorrências daquele ano, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). "Grande maioria dos usuários [acidentados] são homens de baixa escolaridade e renda, e em idade produtiva. São trabalhadores que utilizam a bicicleta", acrescentou.

Integrante da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu, Henrique Jakobi mostrou um levantamento referente aos pontos mais críticos nas estradas do Paraná. Segundo ele, a intersecção das rodovias BR-116 com BR-277 e a alguns locais na cidade de Paranaguá estão entre os mais perigosos, especialmente nas alças de acesso das vias. "Em geral, as bicicletas não são esperadas pelos condutores, elas podem estar em pontos cegos e, quando o motorista percebe o ciclista, não dá mais tempo para frear", disse. Ele sugeriu algumas soluções, como túneis ou tornar as áreas de cruzamento mais visíveis aos veículos.

Assaltos nas rodovias também foram citados durante a audiência. Segundo Igor Viana, do grupo de educação de trânsito e cidadania da Polícia Rodoviária, cabe à Polícia Civil cuidar deste assunto, mas a PRF faz patrulhas nas áreas mais atingidas. De acordo com ele, é preciso ficar atento a veículos que ficam nos acostamentos, aguardando a oportunidade para efetuar o roubo. "[É preciso] Evitar pedalar sozinho e em horários mais vulneráveis. Infelizmente temos que pagar por este mal [a violência] que assola a sociedade", pontuou.

Atitudes que devem ser tomadas pelo próprio ciclista para garantir a sua segurança foram comentadas pelo presidente da Federação Paranaense de ciclismo, Eduardo Pereira. "Na sinalização, no uso das roupas, você precisa ser visto", Ele citou o uso de roupas com cores chamativas e refletivas, assim como lâmpadas sinalizadoras nas bicicletas. "Isso é o mínimo que você pode fazer para se preservar", acrescentou.

A educação e conscientização foram frisadas pelo diretor do Detran-PR, Marcos Traad, como ação contínua para garantir um trânsito mais favorável. Segundo ele, a entidade tem aberto canais de debate com organizações associativas, para então levar ao poder público sugestões sobre o tema.  "Temos cobrado o assunto [segurança dos ciclistas] dos centros de formação de condutores, assim como a inclusão desse assunto nos cursos de reciclagem. Fazemos muitas palestras pela Escola Pública de Trânsito", contou. Ele citou ainda medidas incentivadoras para o uso da bicicleta, como a disponibilização de vestiários para os funcionários do Detran que usam o modal, assim como para condutores que frequentam o órgão para os cursos de reciclagem e que estão, portanto, impedidos de dirigir.

Além do debate com a sociedade civil, participaram ainda da audiência o presidente da Federação Paranaense de Triathlon, Luiz Iran Guimarães, o chefe da Divisão de Sinalização do Detran, Marcel Cabral Costa e o deputado estadual Evandro Júnior (PSDB). Os vereadores Maria Leticia Fagundes (PV) e Oscalino do Povo (Pode) também acompanharam as discussões. O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, foi convidado para a audiência, mas não compareceu nem enviou representante.


Confira todas as fotos do evento no Flickr da Câmara.