Câmara de Curitiba aprova moção de apoio ao Estado de Israel

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 17/10/2023 18h10, última modificação 18/10/2023 09h19
No dia 7 de outubro, o grupo Hamas comandou um ataque contra Israel. Moção aprovada pela Câmara de Curitiba ressalta direito de defesa do país.
Câmara de Curitiba aprova moção de apoio ao Estado de Israel

Verador Pier Petruzziello, na CMC, no dia seguinte ao ataque do Hamas a Israel, no início de outubro. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Com 29 votos favoráveis, nesta terça-feira (17), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou uma moção de apoio ao Estado de Israel, apresentada pelo vereador Pier Petruzziello (PP), em coautoria com diversos parlamentares da capital do Paraná. “A sociedade brasileira precisa entender que essa não é uma briga de esquerda ou direita, mas de uma nação contra um grupo terrorista. O que o Hamas faz e fez é um ato terrorista e covarde. Temos nossas divergências, mas queremos que os filhos dos outros possam crescer e ser felizes. Curitiba é uma cidade acolhedora, porque para cá vieram imigrantes, árabes e judeus, que convivem em irmandade, e não vejo meus amigos pedindo o fim da Palestina ou da comunidade judaica”, justificou Petruzziello. Na noite de hoje, a CMC foi iluminada nas cores branca e azul, em sinal de apoio ao país atacado.

Na moção de apoio a Israel, protocolada três dias após os ataques do Hamas, Pier Petruzziello descreveu cenas da guerra e defendeu a integridade do Estado de Israel. "
Neste último sábado, dia 7 de outubro de 2023, ocorreu um ataque sem precedentes a Israel, considerado um dos piores das últimas cadas, perpetrado pelo grupo terrorista Hamas. O grupo invadiu várias cidadeisraelenses, mantendo mulheres, crianças e idosos como reféns, resultando em mortes e expondo os corpos por meio de vídeos divulgados nas redes sociais. Milhares de israelenses foram mortos e feridos durante os ataques. Mais de 20 cidadede Israel foram invadidas pelo Hamas que tinha ordens para eliminar qualquer alvo que encontrassem. A cidade de Curitiba preza pela harmonia e pela paz entre os povos, acolhendo pessoas de todas as etnias, incluindo árabes e judeus. Entretanto, diante das atrocidades cometidas pelo Hamas, é inquestionável o direito do Estado de Israel de se defender e preservar a integridade de seu povo e território", diz a justificativa da moção aprovada na CMC.

Votaram a favor da moção, além do autor, Pier Petruzziello, os vereadores Alexandre Leprevost (Solidariedade), Amália Tortato (Novo), Bruno Pessuti (Pode), Dalton Borba (PDT), Eder Borges (PP), Ezequias Barros (PMB), Herivelto Oliveira (Cidadania), Hernani (PSB), Indiara Barbosa (Novo), João da 5 Irmãos (União), Jornalista Márcio Barros (PSD), Leonidas Dias (Solidariedade), Marcos Vieira (PDT), Mauro Bobato (Pode), Mauro Ignácio (União), Noemia Rocha (MDB), Nori Seto (PP), Oscalino do Povo (PP), Osias Moraes (Republicanos), Pastor Marciano Alves (Solidariedade), Professor Euler (MDB), Rodrigo Reis (União), Sargento Tânia Guerreiro (União), Serginho do Posto (União), Sidnei Toaldo (Patriota), Tico Kuzma (PSD), Tito Zeglin (PDT) e Zezinho Sabará (União). Giorgia Prates (PT) e Professora Josete (PT) se abstiveram. Por ser o presidente da CMC, Marcelo Fachinello (Pode) não vota. Os demais vereadores não estavam em plenário na hora da votação (416.00419.2023).

Vereadores de Curitiba manifestam apoio a Israel em guerra contra o Hamas

“O que nós vemos, desde antes da guerra, passando por conflitos em territórios do Oriente Médio e na Europa, com focos na América do Sul, é o ressurgimento do antissemitismo. Estamos vendo estrelas de Davi sendo pintadas nas casas das pessoas judias na Europa, igual aconteceu no holocausto. Por isso, o voto que estamos pedindo aqui é para uma moção de apoio ao Estado de Israel, criado em 1948. Não é uma moção contra A ou B, mas que mostra à sociedade que os parlamentares de Curitiba apoiam o Estado legítimo de Israel. Não podemos aceitar um novo holocausto, o antissemitismo e as condutas criminosas contra Israel. O ataque partiu do Hamas”, frisou Pier Petruzziello. Na primeira sessão após o início do conflito, no dia 7 de outubro, quando o Hamas realizou os ataques, o vereador foi à tribuna da CMC com uma bandeira de Israel.

"Crianças foram decapitadas, famílias foram dizimadas pelo Hamas. Eu vi, na Record, [o jornalista] Cabrini mostrando cenas terríveis em Israel. Ele mostrou o bunker onde as pessoas se esconderam e foram fuziladas. Casas totalmente destruídas. Mulheres foram estupradas, idosos arrastados nas ruas. Nós, brasileiros, não podemos jamais aceitar tamanha barbárie", defendeu Osias Moraes, ao declarar apoio à moção. O vereador criticou a imprensa brasileira por ela minimizar, na visão do parlamentar, o terrorismo dos atos do Hamas. "Ao longo da história, a omissão deu margem para que coisas terríveis acontecessem. A questão entre Israel e Palestina é antiga e complexa, mas temos que nos posicionar. É irônico que o presidente Lula queira mediar esse conflito, quando sabemos que membros do governo são ligados ao grupo Hamas. Temos um enorme respeito pelos palestinos e precisamos separar o joio do trigo, porque terrorismo não é a solução para nada", disse Indiara Barbosa.

"Aqui em Curitiba, árabes e judeus convivem na mais perfeita harmonia. O que está pautado aqui é a questão do terrorismo e do antissemitismo. Vimos isso na Alemanha da década de 1930. Aqui no Brasil, a base aliada do PT, movimentos como o MST, declararam apoio incondicional ao Hamas, enquanto isso o governo passa pano para o terrorismo, ignorando crime de guerra sem precedentes. Até a guerra tem ética, que não é respeitada pelo Hamas, decapitando bebês. O povo brasileiro repudia isso. É curioso ver a esquerda ligada às comissões de Direitos Humanos, na CMC e na Assembleia Legislativa do Paraná, mas que moral ela tem para presidir essas comissões, sendo de um partido como esse? Falam de racismo, mas fecham os olhos para o antissemitismo", acusou Eder Borges, afirmando haver "um silêncio covarde desse presidente [Lula] ladrão" sobre a guerra entre Israel e Hamas.

"O Hamas é terrorista e quem relativiza isso perdeu um pouco da sua humanidade. Israel tem direito a se defender e que seja preciso na sua defesa. Que a paz possa retornar o quanto antes àquela região do mundo", disse Bruno Pessuti, recebendo elogios de Dalton Borba pela sua fala em plenário. Professora Josete defendeu que "o nosso empenho tem que ser a busca da paz e não trazer o extremismo que só cultiva o ódio", dirigindo o comentário às críticas feitas ao Partido dos Trabalhadores em falas que a antecederam. Sobre isso, Giorgia Prates disse às vezes duvidar "se [a CMC] é mesmo uma Casa de Leis ou a Escolinha do Chaves. É impressionante o número de besteiras que a gente escuta.  A gente mistura coisas aqui e fala coisas insanas a título de quê, de enganar o eleitor? As pessoas são inteligentes", rebateu.

"Numa guerra, a primeira a morrer é a verdade", continuou Giorgia Prates. "Quando não vamos falar do debate geopolítico, estamos errando, porque ele é intrínseco à guerra. Não podemos jamais esquecer que as moedas têm dois lados. Nessa guerra, são os civis que estão morrendo dos dois lados, pessoas inocentes de Israel e da Palestina", defendeu a parlamentar, para quem a CMC deveria ter aprovado duas moções, em apoio ao Estado de Israel e outra para o povo palestino. Eu gostaria que a gente desse atenção a todas as vidas, dos palestinos também. Todo extremismo é prejudicial, haja visto o que vimos aqui [no Brasil] nos últimos anos", finalizou.