Toninho da Farmácia apresentou 1º projeto de lei de 2024

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 18/01/2024 09h55, última modificação 18/01/2024 14h31
Vereador sugere que mulheres de Curitiba possam optar por atendentes do sexo feminino em procedimentos com anestesia parcial ou total.
Toninho da Farmácia apresentou 1º projeto de lei de 2024

Direito a atendimento por mulheres durante anestesias volta a ser debatido em Curitiba. (Foto: Arquivo/Prefeitura de São Paulo)

No dia 3 de janeiro, o vereador Toninho da Farmácia (União) protocolou o primeiro projeto de lei do ano de 2024 na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A iniciativa assegura às mulheres o direito de escolher serem atendidas por profissionais do sexo feminino na realização de procedimentos que utilizem sedação ou anestesia causadoras de inconsciência parcial ou total. A multa para os estabelecimentos que descumprirem a regra começaria em R$ 1 mil, dobrando em caso de reincidência.

O projeto de Toninho da Farmácia vem na esteira de uma série de medidas discutidas após julho de 2022, quando veio à tona o caso do ex-anestesista Giovanni Bezerra, flagrado abusando sexualmente de uma paciente sedada em trabalho de parto em um hospital do Rio de Janeiro. “Em Maringá, ao menos 15 mulheres foram à polícia denunciar um médico obstetra. Em agosto de 2023, uma paciente recorreu à Polícia Militar, enquanto estava no pronto-socorro, para denunciar um enfermeiro por abuso sexual”, contextualizou.

Novo projeto de Toninho da Farmácia é diferente daquele já apresentado por Borges

A medida proposta por Toninho da Farmácia na Câmara de Curitiba (005.00001.2024) difere de outra, apresentada por Eder Borges (PP), ao permitir que a paciente exija ser atendida por uma mulher nos procedimentos que envolvam sedação, enquanto a anterior trata do direito a um acompanhante durante o procedimento (005.00142.2022 com substitutivo 031.00075.2022). O novo projeto de lei ainda terá que ser avaliado pelas comissões temáticas da CMC. Já a proposta de Borges está apta para ser votada em plenário.

“Hoje, as entidades hospitalares, laboratórios clínicos e centros de saúde, da rede pública e particular, costumam proibir acompanhantes para as pacientes, gerando certo desconforto e receio, em especial às mulheres que se veem totalmente expostas e desprotegidas diante de pessoas estranhas”, diz Toninho da Farmácia, justificando a mudança de foco na solução que a Câmara de Curitiba pode apresentar para o problema. A opção por uma profissional mulher durante o atendimento, diz o parlamentar, não anulará o direito a um acompanhante durante a anestesia parcial ou total.

A exceção são os casos de urgência ou emergência, “[quando] será garantido o acompanhamento de familiar ou, na ausência deste, de qualquer pessoa do sexo feminino, ainda que integrante da equipe profissional, quando não possibilitar a espera da chegada de familiar”. A norma determina que, quando o acompanhamento for feito “por pessoa estranha à família da paciente” a identificação dessa pessoa deverá constar no prontuário de atendimento.

Como é a tramitação de um projeto de lei na Câmara de Curitiba?

Inicialmente, o novo projeto de lei receberá a instrução da Procuradoria Jurídica (Projuris) da Câmara de Curitiba. Na sequência, ele será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem a prerrogativa de arquivar uma proposta de lei se ela descumprir critérios técnicos. Conquistado o aval da CCJ, só então a proposição poderá avançar e ser discutida pelas demais comissões temáticas, rumo à votação em plenário. Não há um prazo fixo para o trâmite das propostas de lei dentro das comissões, que podem pedir ajustes, fazer diligências e recomendar audiências públicas.

A divulgação dos projetos de lei pela CMC faz parte da política de transparência do Legislativo, pautada na promoção do debate público e aberto sobre o trabalho dos vereadores. Atenta ao princípio constitucional da publicidade, a Diretoria de Comunicação Social segue a instrução normativa 3/2022.