Tribuna Livre alerta para prevenção e diagnóstico precoce da doença renal

por Fernanda Foggiato | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 04/05/2022 16h00, última modificação 05/05/2022 08h24
A convite da Sargento Tânia Guerreiro, o espaço democrático de debates da Câmara de Curitiba recebeu a Fundação Pró-Renal.
Tribuna Livre alerta para prevenção e diagnóstico precoce da doença renal

Anelise Marcolin e Sargento Tânia Guerreiro, ao centro, com outras representantes da Pró-Renal. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Um a cada dez brasileiros adultos tem doença renal e 70% desconhecem o problema. O alerta para a doença silenciosa, mas tratável, foi realizado, na sessão desta quarta-feira (4), durante a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Por proposição da vereadora Sargento Tânia Guerreiro (União), a diretora executiva da Fundação Pró-Renal, Anelise Marcolin, falou da importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença renal, principalmente entre os grupos de risco. 

“Acredito que os senhores, assim como eu, têm dúvidas sobre as doenças renais”, disse Guerreiro. O trabalho da Pró-Renal, contou a vereadora, chamou a atenção durante uma das feiras realizadas pela organização, em que são divulgadas informações para a conscientização da população e realizados exames gratuitos para o diagnóstico das doenças renais. Se descobertas tardiamente, afirmou a propositora da Tribuna Livre, a pessoa poderá ter que passar pela hemodiálise - procedimento em que uma máquina filtra o sangue do paciente, fazendo parte do trabalho do rim doente. 

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“E nós podemos fazer a prevenção. Eu sempre trabalhei com a prevenção. A prevenção é o melhor remédio, ainda”, frisou Guerreiro. “Sem o filtro do carro, o carro não anda. E sem o filtro a gente não toma café”, comparou a convidada. Apesar de a doença renal ser silenciosa, Anelise ressaltou que “a grande vantagem é que ela é tratável e pode ser facilmente prevenida”. 

Fatores de alerta

Histórico familiar de doença renal, diabetes, hipertensão, obesidade e avanço da idade, explicou a diretora executiva, são os principais fatores de risco. Os exames preventivos, nesses casos, devem ser realizados periodicamente. “Não espere por sintomas”, reforçou Anelise. Conforme os dados da Fundação Pró-Renal, 57% das pessoas atendidas são homens. Quanto à faixa etária, 68% dos pacientes têm mais de 51 anos. 

Ainda de acordo com os indicadores do público atendido pela Pró-Renal, 43% dos pacientes são analfabetos ou têm Ensino Fundamental incompleto e 65% possuem renda per capita de no máximo um salário mínimo. “Isso faz com que a vulnerabilidade desse paciente seja altíssima”, pontuou Anelise. 

Fundada há 38 anos, a entidade foi pioneira no país. Já realizou 100 mil atendimentos médicos, 15 mil no hospital-dia e 1 milhão de atendimentos multiprofissionais, em áreas como enfermagem, podologia, odontologia, nutrição e psicologia. Na área social, a estimativa é de 5 milhões de benefícios dispensados.

Debate em plenário

Responsável pela articulação de emenda coletiva à fundação, no valor de R$  330 mil, Denian Couto (Pode) pediu que Anelise falasse mais sobre os atendimentos multiprofissionais – um dos diferenciais da Pró-Renal. Um paciente diabético, citou a convidada, pode precisar também de cuidados odontológicos e de podologia. “Todo diabético vai ter lesão de pele e, se não cuidar, a qualidade de vida piora muito”, explicou. 

Sidnei Toaldo (Patriota), cuja mãe faleceu, em 2016, em função de doença renal, agradeceu, emocionado, pelo trabalho da instituição.  “Eu também colaborei com emenda e podem ter certeza de que este ano colaborarei ainda mais”, afirmou. Outro coautor da emenda coletiva, Salles do Fazendinha (DC) também relatou ter sido esse um dos motivos que agravou a saúde de sua mãe e a levou a óbito, no ano passado. 

Em resposta à vereadora Amália Tortato (Novo), a convidada falou das pesquisas desenvolvidas na Pró-Renal – outro carro-chefe da entidade. “A gente precisa estimular a pesquisa”, frisou Anelise. Para ela, a evolução da Medicina “será essa, encontrar mecanismos para substituir [o rim], trazer uma qualidade de vida melhor” aos pacientes. 

Aos vereadores Mauro Bobato (Pode) e Professora Josete (PT), ela explicou como funciona a parceria com o Município e o Sistema Único de Saúde (SUS). “A Pró-Renal não faz hemodiálise, e sim assiste os pacientes. A Pró-Renal trabalha para evitar isso, evitar a progressão da doença”, observou. “É o SUS que garante toda essa qualidade de atendimento… o sus é maravilhoso, ele atende milhões de pessoas, teve esse sucesso todo na pandemia".

A Alexandre Leprevost (Solidariedade), Anelise confirmou que a covid-19 elevou as despesas da Pró-Renal, em especial devido à falta de insumos e ao aumento de preços praticados por fornecedores – de acordo com ela, em até 30 vezes. “Durante a pandemia, a Pró-Renal manteve a casa aberta”, frisou. O hospital da instituição, acrescentou a diretora executiva, realizou procedimentos suspensos na rede SUS em função da emergência em saúde pública. Ainda conforme a convidada, muitos pacientes descompensaram durante o período de assessoramento remoto. 

“Prevenção é tudo. Informação salva vidas”, apoiou o Pastor Marciano Alves (Solidariedade), que já presidiu conselhos de Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital e da Região Metropolitana. João da 5 Irmãos (União) e Marcos Vieira (PDT), por sua vez, perguntaram sobre as feiras e as palestras desenvolvidas pela Pró-Renal, com o objetivo de conscientizar a população. As atividades, conforme Anelise, podem ser levadas gratuitamente a escolas e a outros espaços. “Se vocês souberem de algum local que precise de orientação, a Pró-Renal estará lá".

Anelise ainda convidou os vereadores para um café institucional no dia 30 de junho, às 9 horas. Também acompanharam a Tribuna Livre, pela Pró-Renal, Ana Paula Piccoli, Fabiana Santos e Paula Peixoto. Confira o álbum da atividade no Flickr da Câmara de Curitiba. 

Tribuna Livre

Espaço democrático de debates, a Tribuna Livre é mantida pela CMC como um canal de interlocução entre a sociedade e os parlamentares. Conforme o Regimento Interno do Legislativo, os debates ocorrem nas quartas-feiras, durante a sessão plenária – seguindo acordo de líderes, após os pronunciamentos do pequeno expediente. 

Os temas são sugeridos pelos vereadores, que por meio de requerimento indicam uma pessoa ou entidade para a fala em plenário. O espaço pode servir para a prestação de contas de uma organização que recebe recursos públicos, apresentação de uma campanha de conscientização, discussão sobre projeto de lei em trâmite na Casa etc. 

Confira, no site institucional, os assuntos discutidos nas outras Tribunas Livres de 2022. As sessões começam às 9 horas e têm transmissão ao vivo pelos canais da Câmara de Curitiba no YouTube, no Facebook e no Twitter.