Especialista em RH alerta para necessidade de leis que apoiem o trabalho híbrido

por José Lázaro Jr. | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 15/06/2022 17h15, última modificação 15/06/2022 17h56
Fernanda Chaves participou da Tribuna Livre na Câmara de Curitiba.
Especialista em RH alerta para necessidade de leis que apoiem o trabalho híbrido

Especialista em RH, Fernanda Chaves discutiu na Tribuna Livre a mudança para o trabalho híbrido. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

“Temos uma convergência: as empresas desejam o modelo híbrido e os profissionais também. Parece que nada faz com que se mude essa tendência. Agora, a gente tem que se cercar de agendas e políticas públicas que favoreçam isso, pois isso está deixando os trabalhadores mais felizes e felicidade é o que a gente busca no ambiente de trabalho - e também mais produtivos, que é o que vai fazer com que o nosso país vá para a frente”, afirmou Fernanda Chaves, especialista em Recursos Humanos, nesta quarta-feira (15), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC).

Convidada pelo vereador Herivelto Oliveira (Cidadania) para falar aos vereadores da capital na Tribuna Livre, Fernanda Chaves apontou que antes de 2020, apenas 3% dos trabalhadores desempenhava sua jornada em algum tipo de teletrabalho. “Não foi uma mudança programada, pois a pandemia pegou todo o globo de surpresa”, disse, indicando haver pesquisas apontando que 57% dos trabalhadores de Serviços hoje realizam parte da sua jornada fora do ambiente da empresa. “Até 2020 a gente tinha uma relação normal com o trabalho, mas a pandemia mudou bastante essa relação. Até nós, na CMC, trabalhamos um ano e meio com sessões híbridas”, reconheceu Oliveira. 

Novos modelos
“O trabalho presencial é o usual, muito conhecido por nós até março de 2020, quando eu saía da minha residência e ia até o meu ambiente de trabalho, depois voltando para casa. Aí ainda havia a possibilidade, para alguns cargos, de teletrabalho, como os vendedores externos. Com a pandemia, nós, dos Recursos Humanos, pegamos essa legislação que já existia para esses cargos e adaptamos para que a indústria não parasse. O home office foi a nossa adaptação, mas não estávamos preparados e houve muita dificuldade. Foi como conseguimos funcionar naquele momento”, relatou a especialista em Recursos Humanos.

“Hoje, a vanguarda é o anywhere office. É o que a maioria das empresas do setor terciário, de prestação de serviços, principalmente tecnologia, que é a área que eu represento, mais busca. É o tipo de contrato em que as pessoas trabalham no lugar que elas quiserem, no ambiente que elas quiserem, e a relação de trabalho está muito mais pautada em produção e confiança. Eu confio ao meu profissional uma determinada atividade, ele a executa de onde quiser e a entrega pronta para mim. Tem uma confirmação de horas trabalhadas, mas é muito mais flexível”, explicou Fernanda Chaves.

“O modelo híbrido tem quatro tipos básicos. Tem o flexível, no qual os colaboradores negociam as suas cargas de trabalho. Tem o 50/50, onde se trabalha dentro da empresa em alguns momentos e fora em outros. Tem o trabalho em turnos, onde se trabalha de manhã na empresa e à tarde vai para outro ambiente, casa ou coworking. Tem o semanalmente, quando há uma programação de times, de squads, por áreas, que se revezam, favorecendo a interação entre os profissionais. Já estamos vendo essas quatro possibilidades no dia a dia”, testemunhou a convidada da Tribuna Livre.

Fernanda Chaves respondeu a perguntas dos vereadores Márcio Barros (PSD) e Mauro Bobato (Pode) sobre a adaptação aos novos tempos, concordando que não serão todos os setores que poderão aplicar medidas amplas de teletrabalho. Para Amália Tortato (Novo), confirmou que as mulheres foram as que mais aderiram ao home office e as que mais sofreram com a mudança, por acumularem jornadas domésticas. Ela confirmou o aumento da violência doméstica, de casos de burnout e de pessoas perdendo a saúde mental. “É preciso ter em consideração que uma parte significativa [das pessoas] vai ao trabalho também para comer, para ter descanso, que o ambiente de casa não é esse ambiente acolhedor”, ponderou.

Para Professora Josete (PT) e Marcos Vieira (PDT), Fernanda Chaves disse que é importante, para pensar na saúde do trabalhador nessa nova configuração, distinguir a jornada cumprida em home office e de se isolar da sociedade como um todo. “O home office é apenas uma mudança de local de trabalho do profissional”, reiterou, apontando que o isolamento foi uma condição pontual dada à situação da pandemia. Como próximos passos, a convidada da Tribuna Livre defendeu que é importante “legalizar” o trabalho híbrido, para proteger a qualidade de vida de eventuais excessos.

Confira o registro fotográfico da Tribuna Livre no Flickr da CMC.

Tribuna Livre
Espaço democrático de debates, a Tribuna Livre é mantida pela CMC como um canal de interlocução entre a sociedade e os parlamentares. Conforme o Regimento Interno do Legislativo, os debates ocorrem nas quartas-feiras, durante a sessão plenária – seguindo acordo de líderes, após os pronunciamentos do pequeno expediente. 

Os temas são sugeridos pelos vereadores, que por meio de requerimento indicam uma pessoa ou entidade para a fala em plenário. O espaço pode servir para a prestação de contas de uma organização que recebe recursos públicos, apresentação de uma campanha de conscientização, discussão sobre projeto de lei em trâmite na Casa etc. Confira, no site institucional, os assuntos discutidos nas outras Tribunas Livres de 2022.