Violência contra a mulher é debatida na Câmara

por Assessoria Comunicação publicado 25/11/2004 00h00, última modificação 17/05/2021 17h07

O Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres (25) foi comemorado nesta quinta-feira, na Câmara de Curitiba, durante fórum popular proposto pela vereadora Roseli Isidoro (PT). O evento foi realizado no auditório do Anexo II do Legislativo e contou com a participação de diversas entidades.
Segundo a parlamentar, a violência contra a mulher já se tornou um caso de saúde pública. “É preciso uma maior atuação política das mulheres nos poderes, tanto em nível municipal como estadual e federal”, afirmou. Para a coordenadora da Região Metropolitana, Haidê Maria, esta é uma luta constante, imparcial, “porque precisamos dar conta de muitas coisas. Só assim estaremos efetivando a vida”.
Rompendo barreiras
A presidente do Conselho Tutelar do Boqueirão, Dagmar Nascimento, diz que a situação para a mulher, em âmbito geral, é muito complicada, pois é necessário romper muitas barreiras para acabar com as discriminações racial e social. “Onde um branco chega de joelhos para pedir emprego, o negro tem que se arrastar. A discriminação não é só de cor. Se o negro tiver dinheiro ou for conhecido, todas as portas são abertas. Se for pobre, nem um tratamento médico vai conseguir”, disse.
Segundo a consultora do Ipardes, Carmem Regina Ribeiro, pesquisa efetuada no Instituto Médico Legal, em 2000, mostra que 56% das pessoas que lá chegavam para atestado de corpo delito eram mulheres e crianças, cerca de três por dia. “E a situação atual não é diferente”, informou, acrescentando que a violência doméstica é a base da violência urbana. “Sem reduzir a violência doméstica, não vamos caminhar para a diminuição da violência urbana. É preciso muito trabalho, inclusive o de resgate do agressor enquanto ser humano, pois ele será pai para a vida inteira do menor violentado”.
A opinião é compartilhada pela delegada titular da Delegacia da Mulher de Curitiba, delegada Darly Raphael, para quem “é muito preocupante a situação de violência que a mulher se encontra. “Nossas estatísticas não diminuem. De janeiro até outubro, foram registrados 3.124 delitos, sendo necessário investir em políticas públicas,” afirmou. Para ela, enquanto não for levada a sério a violência doméstica, os outros tipos de violência não diminuirão. “Todos os tipos de violência se originam da doméstica, uma vez que ela é a célula master, com conseqüências graves para toda a sociedade. Sem educação, informação e trabalho consciente não teremos queda nos índices de violência”, concluiu.
Apresentação
No evento também foi apresentada uma peça teatral mostrando um drama familiar. Foi encenada por alunos da 8ª série do Colégio Estadual Olindamir Merlin Claudino, do município de Fazenda Rio Grande, coordenados pela professora Fátima Pedroso Silva Cunha.
Além dos representantes de órgãos e entidades, participaram do fórum a deputada estadual Elza Correia, do Conselho Estadual da Mulher, e os vereadores Nely Almeida (PSDB) e Nilton Brandão (PT), que solidarizou-se com a iniciativa, afirmando que esta é uma luta constante e “estaremos sempre juntos com as companheiras, buscando contribuir, encontrando alternativas que resgatem a dignidade das mulheres sempre que forem violentadas”.